Guia de Referência do Plano de Contas

1. Introdução

Este guia explica de forma simples cada grupo do Plano de Contas padrão utilizado pelo sistema.

Ele é voltado para a pessoa que irá parametrizar o sistema (criar, editar e vincular contas contábeis), mesmo que não seja contador(a) de formação.

Ler este material com atenção é essencial para evitar lançamentos errados, que podem distorcer relatórios, demonstrativos e resultados da empresa.


2. Como ler os códigos do Plano de Contas

Cada conta contábil possui um código numérico. Esse código é organizado em níveis:

  • 1 dígito → Classe
    Ex.: 1, 2, 3, 4, 5, 6

  • 2 dígitos → Grupo dentro da classe
    Ex.: 11, 12, 21, 22, 23, 31, 41

  • 3 ou mais dígitos → Subgrupos e contas analíticas
    Ex.: 111, 11101, 11102

Conta sintética x conta analítica

  • Conta sintética
    É uma conta de agrupamento.
    Normalmente, não deve receber lançamentos diretos.
    Ex.:

    • 1 – Ativo

    • 11 – Ativo Circulante

    • 21 – Passivo Circulante

  • Conta analítica
    É a conta onde o lançamento realmente é registrado.
    Ex.:

    • 11101 – Caixa

    • 11102 – Banco Conta Movimento

Regra prática:
sempre que possível, os lançamentos devem ser feitos em contas analíticas, e não diretamente nas contas sintéticas como 1, 11, 2, 21 etc.


3. Tipos principais de contas

No plano de contas padrão, as contas são agrupadas em classes:

  • Classe 1 e 2 – Contas Patrimoniais
    Mostram o que a empresa tem (bens e direitos) e o que ela deve (obrigações)

  • Classe 3 e 4 – Contas de Resultado
    Mostram o que a empresa ganha (receitas) e o que ela gasta (custos e despesas)

  • Classe 5 – Apuração do Resultado
    Usada para fechamento do resultado (lucro ou prejuízo do período)

  • Classe 6 – Contas de Controle/Compensação (opcional)
    Usadas apenas para controles adicionais, sem impacto direto no resultado

A seguir, você encontra a descrição de cada grupo padrão.


4. Classe 1 – Ativo

1 – Ativo (conta sintética)

O Ativo representa tudo o que a empresa possui ou tem direito a receber e que tem algum valor econômico.

Exemplos de coisas que fazem parte do Ativo (através de contas “filhas”):

  • Dinheiro em caixa

  • Saldos em conta bancária

  • Valores a receber de clientes

  • Estoques

  • Máquinas, veículos, móveis, imóveis

  • Softwares, marcas e outros bens intangíveis

Você não deve lançar diretamente na conta “1 – Ativo”.
Ela existe para agrupar os grupos abaixo (11, 12 etc.).


11 – Ativo Circulante (conta sintética)

O Ativo Circulante reúne bens e direitos que devem virar dinheiro em até 12 meses (ou dentro do ciclo normal de operação da empresa).

São valores de curto prazo, por exemplo:

  • Caixa e bancos (dinheiro disponível)

  • Aplicações financeiras de curto prazo

  • Clientes / Contas a receber

  • Cartões a receber

  • Estoques de produtos ou mercadorias

  • Impostos a recuperar de curto prazo

Use este grupo para criar contas analíticas relacionadas a:

  • Dinheiro (caixa, bancos)

  • Valores a receber no curto prazo

  • Estoques e adiantamentos ligados à operação normal da empresa


12 – Ativo Não Circulante (conta sintética)

O Ativo Não Circulante reúne bens e direitos que permanecem na empresa por mais de 12 meses ou não devem se transformar em dinheiro a curto prazo.

São valores de longo prazo, como:

  • Empréstimos concedidos a sócios ou outras empresas com prazo longo

  • Imóveis para uso da empresa

  • Máquinas, equipamentos, veículos

  • Móveis e utensílios

  • Softwares próprios, marcas, patentes, direitos autorais

  • Investimentos permanentes em outras empresas

Use este grupo para criar contas analíticas relacionadas a:

  • Bens utilizados por vários anos na atividade da empresa

  • Direitos a receber no longo prazo


5. Classe 2 – Passivo e Patrimônio Líquido

2 – Passivo e Patrimônio Líquido (conta sintética)

Aqui ficam:

  • As obrigações da empresa com terceiros (Passivo)

  • Os recursos próprios dos sócios/donos (Patrimônio Líquido)

Em termos simples: é a origem de onde veio o dinheiro que financiou o Ativo.

Você não deve lançar diretamente na conta “2 – Passivo e Patrimônio Líquido”.
Ela apenas agrupa os grupos 21, 22 e 23.


21 – Passivo Circulante (conta sintética)

Reúne todas as dívidas e obrigações que vencem até 12 meses.

Exemplos de contas analíticas que normalmente ficam aqui:

  • Fornecedores a pagar

  • Empréstimos de curto prazo

  • Salários e encargos a pagar

  • Impostos e contribuições a recolher

  • Contas de consumo a pagar (água, luz, telefone etc.)

  • Adiantamentos recebidos de clientes

Use este grupo sempre que criar contas de obrigações de curto prazo.


22 – Passivo Não Circulante (conta sintética)

Reúne as obrigações com vencimento acima de 12 meses (dívidas de longo prazo).

Exemplos de contas analíticas:

  • Empréstimos e financiamentos de longo prazo

  • Contratos de financiamento de veículos e imóveis

  • Parcelamentos de tributos de longo prazo

  • Provisões para processos judiciais (quando classificadas como longo prazo)

Use este grupo para dívidas de longo prazo, que não serão quitadas dentro de 1 ano.


23 – Patrimônio Líquido (conta sintética)

Representa a “parte dos donos” na empresa: o que sobra do Ativo depois de pagar o Passivo.

Aqui ficam:

  • Capital social (valor investido pelos sócios)

  • Reservas (reservas de lucros, de capital etc.)

  • Lucros ou prejuízos acumulados

  • Ajustes de avaliação patrimonial

Exemplos de contas analíticas:

  • Capital Social

  • Reservas de Lucros

  • Lucros Acumulados

  • Prejuízos Acumulados

Você usará este grupo principalmente para estruturar as contas ligadas a:

  • Investimento dos sócios/donos

  • Resultado acumulado da empresa ao longo dos anos


6. Classe 3 – Receitas

3 – Receitas (conta sintética)

Reúne tudo aquilo que aumenta o resultado da empresa: vendas, prestação de serviços, receitas financeiras e outras receitas.

Ela apenas agrupa os grupos 31, 32 e 33.
Os lançamentos devem ser feitos nas contas analíticas “filhas” desses grupos.


31 – Receitas Operacionais (conta sintética)

São as receitas ligadas à atividade principal da empresa, ou seja, aquilo que ela faz para ganhar dinheiro no dia a dia.

Exemplos típicos:

  • Receita de venda de mercadorias

  • Receita de prestação de serviços

  • Receita de assinaturas e planos (SaaS, mensalidades, contratos recorrentes)

Use este grupo para todas as receitas que fazem parte da atividade normal da empresa.


32 – Receitas Financeiras (conta sintética)

São receitas geradas por aplicações financeiras, juros e descontos obtidos.

Exemplos de contas analíticas:

  • Juros recebidos de aplicações financeiras

  • Rendimentos de investimentos financeiros

  • Descontos obtidos de fornecedores

  • Correção monetária ativa

Use este grupo quando o ganho vier do dinheiro aplicado ou de negociações financeiras, e não diretamente da venda de produtos ou serviços.


33 – Outras Receitas (conta sintética)

São receitas que não fazem parte da rotina principal da empresa, geralmente esporádicas ou não recorrentes.

Exemplos de contas analíticas:

  • Ganho na venda de um bem do imobilizado (ex.: venda de um veículo da empresa)

  • Indenizações recebidas

  • Recuperação de créditos de períodos anteriores

  • Outras receitas eventuais

Use este grupo para registrar receitas que não são típicas do dia a dia da empresa.


7. Classe 4 – Custos e Despesas

4 – Custos e Despesas (conta sintética)

Reúne tudo aquilo que reduz o resultado da empresa, ou seja, os gastos necessários para funcionar e entregar produtos/serviços.

Ela apenas agrupa os grupos 41, 42, 43, 44 e 45.


41 – Custos dos Produtos/Serviços Vendidos (conta sintética)

São gastos diretamente ligados à produção ou entrega do produto/serviço que a empresa vende.

Exemplos de contas analíticas:

  • Custo das mercadorias vendidas

  • Matéria-prima consumida

  • Mão de obra diretamente ligada à produção ou prestação de serviço

  • Custos de infraestrutura diretamente ligados ao serviço (no caso de sistemas, servidores críticos, por exemplo)

Use este grupo quando o gasto só existe porque há venda do produto/serviço.
Se a empresa parar de vender, esses custos quase desaparecem.


42 – Despesas com Vendas (conta sintética)

São gastos relacionados a vender e divulgar os produtos ou serviços.

Exemplos de contas analíticas:

  • Comissões sobre vendas

  • Anúncios, marketing, tráfego pago

  • Despesas com viagens comerciais

  • Fretes de entrega de mercadorias ao cliente (quando não embutidos no custo)

Use este grupo para qualquer gasto associado a fazer a venda acontecer.


43 – Despesas Administrativas / Gerais (conta sintética)

São gastos para manter a estrutura da empresa funcionando, mesmo que não estejam ligados diretamente à produção ou às vendas.

Exemplos de contas analíticas:

  • Salários da administração, diretoria e equipe interna de apoio

  • Aluguel do escritório

  • Serviços de contabilidade, jurídico, consultorias

  • Despesas com energia, água, telefone, internet do escritório

  • Softwares administrativos (ERP, financeiro, gestão interna)

Use este grupo para despesas de estrutura e operação interna da empresa.


44 – Despesas Financeiras (conta sintética)

São gastos ligados a operações financeiras e uso de dinheiro de terceiros.

Exemplos de contas analíticas:

  • Juros sobre empréstimos e financiamentos

  • Tarifas bancárias

  • Encargos financeiros em operações de cartão de crédito

  • Multas e juros por atraso em pagamentos

Use este grupo sempre que o gasto estiver relacionado a juros, tarifas e custos financeiros em geral.


45 – Outras Despesas (conta sintética)

São despesas que não se encaixam nos grupos anteriores ou são esporádicas.

Exemplos de contas analíticas:

  • Perdas na venda de imobilizado

  • Indenizações pagas

  • Despesas não usuais e não recorrentes

Use este grupo com cuidado, para não “virar categoria genérica”.
Dê preferência a criar contas analíticas claras dentro de 41, 42, 43 ou 44.


8. Classe 5 – Apuração do Resultado

5 – Resultado do Exercício / Apuração (conta sintética)

Esta classe é usada principalmente pela contabilidade para o processo de fechamento do período:

  • As receitas e despesas são somadas

  • O resultado (lucro ou prejuízo) é apurado

  • O valor final é transferido para o Patrimônio Líquido

Para o usuário que apenas parametriza e lança rotinas normais, não é comum lançar diretamente em contas dessa classe.
Elas costumam ser usadas por processos automáticos do sistema contábil.


9. Classe 6 – Contas de Controle / Compensação (opcional)

6 – Contas de Controle / Compensação (conta sintética)

Esta classe é usada para controles adicionais, que não representam diretamente bens, dívidas, receitas ou despesas, mas que a empresa deseja acompanhar.

Exemplos de possíveis contas analíticas:

  • Bens de terceiros em poder da empresa (equipamentos alugados, consignados)

  • Bens da empresa em poder de terceiros

  • Garantias prestadas ou recebidas (cauções, fianças)

Nem todas as empresas utilizam esta classe.
Ela deve ser configurada apenas se houver necessidade específica de controle, normalmente com orientação do contador.


10. Recomendações gerais para quem parametriza

  1. Evite criar contas “genéricas demais”

    • Ex.: “Despesas Diversas”, “Outras Despesas” para tudo.
      Isso prejudica a análise dos relatórios.

  2. Agrupe corretamente por natureza

    • Dinheiro e valores a receber → Ativo (11 ou 12)

    • Dívidas e contas a pagar → Passivo (21 ou 22)

    • Ganhos da empresa → Receitas (31, 32, 33)

    • Gastos da empresa → Custos e Despesas (41, 42, 43, 44, 45)

  3. Quando tiver dúvida entre duas contas, prefira:

    • Perguntar ao contador da empresa;

    • Não reaproveitar uma conta claramente errada (ex.: usar “Receita” para registrar um gasto).

  4. Mantenha uma estrutura organizada

    • Use a hierarquia de códigos de forma coerente

    • Crie contas analíticas com nomes claros, por exemplo:

      • 11101 – Caixa

      • 11102 – Banco Conta Movimento

      • 31101 – Receita de Serviços - Plano Mensal

Você achou esse artigo útil?